QUÍMICA NO BANHEIRO

A QUÍMICA DO REMOVEDOR DE ESMALTE

 

A grande maioria das mulheres gostam de suas unhas bonitas. Mas como o removedor faz para limpar o esmalte da unha?

 

Por Carlos Vinícius Pinto dos Santos

 

Figura 1 - O esmalte é uma das formas mais comuns de enfeitar as unhas

Foto: Desconhecido, O Mundo da Química não detém direito sobre esta imagem

 

O esmalte é, fundamentalmente, uma resina envernizante. Não à toa que em Portugal é chamado de “verniz de unha”. É composto por polímeros que aderem à unha criando a superfície sólida e lisa, plastificantes que conferem elasticidade e dificultam a quebra, pigmentos que dão a cor, e os solventes. O solvente é responsável por fazer os componentes atuarem juntos e de maneira homogênea durante a aplicação.

 

Um bom removedor de esmalte precisa ser atóxico, barato, é desejável que evapore com facilidade e, obviamente, dissolver o esmalte. O próprio solvente do esmalte poderia ser usado como removedor, entretanto não evapora com muita facilidade e não é tão barato para esta aplicação.

 

 

Existe uma série de removedores disponíveis no mercado. Acetona, acetato de etila e óleos são os principais.

 

Figura 2 - Frascos dos solventes acetona (esquerda) e acetato de etila (direita)

Foto: Desconhecido, O Mundo da Química não detém direito sobre esta imagem

 

A acetona é usada há muitos anos como removedor e, de fato, é excelente por reunir todas as características necessárias. O inconveniente fica por uma de suas características químicas: a acetona é solúvel em água. Por isso, quando entra em contato com a pele pode desidratá-la, mesmo sendo usada como uma solução em água.

 

O acetato de etila possui em sua estrutura química a função éster, a mesma presente em alguns dos solventes do esmalte, sendo às vezes empregado diretamente como solvente em alguns esmaltes. Por isso é um ótimo removedor, apesar de não evaporar tão facilmente quanto a acetona.

 

Os óleos, apesar de não evaporarem, também são capazes de remover o esmalte e adicionalmente tem ação emoliente, ou seja, amolecem tecidos como a cutícula facilitando sua remoção. Seu custo em geral é mais alto que o acetato de etila e a acetona.

 

Contudo, a rigor muitos outros produtos podem ser usados como removedores de esmalte: aguarrás, querosene, gasolina, dentre outros. O uso não é recomendado devido às toxicidades moderadas que, com exposição prolongada, podem gerar problemas de saúde. Em alguns casos, podem ser desenvolvidas reações alérgicas e/ou irritações respiratórias com pouco contato. Então, se for manipular qualquer desses produtos com as unhas pintadas saiba que corre o risco de borrar ou remover o o esmalte por acidente.

 

E o álcool, serviria também?

 

O álcool comum, o etanol, é barato e evapora relativamente bem mas não é bom solvente para o esmalte. Isso ocorre pelas diferenças de polaridade, que são as interações entre as moléculas.

 

 

A água é o solvente mais polar que está disponível naturalmente. O nome polar vem da capacidade de gerar pólos (cargas elétricas separadas) em algumas substâncias, como o que acontece quando a água dissolve o sal de cozinha. Por isso a água com sais dissolvidos é capaz de conduzir eletricidade, que é a movimentação dessas cargas. As substâncias solúveis em água, mesmo que não formem cargas (como o açúcar) são também consideradas polares.

 

As substâncias que não se dissolvem em água são ditas apolares. Em geral, derivados de petróleo como gasolina, querosene, aguarrás, além de bioprodutos como ceras, óleos e gorduras são apolares.

 

De modo geral a regra pode ser resumida em:

 

- Polar dissolve polar

- Polar não dissolve apolar e vice-versa

- Apolar dissolve apolar

 

Como o etanol é polar ele não é capaz de dissolver o esmalte, que é apolar. Dependendo da composição do esmalte, ele pode remover partes dos plastificantes e pigmentos, mas dificilmente removerá o esmalte por completo. Assim, é possível tornar o esmalte quebradiço e fazer sua remoção fisicamente, esfregando as unhas.

 

 

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